sábado, 24 de setembro de 2011

No Picadeiro




Política, em minha opinião, é algo, sim, muito fascinante. Aos meus olhos, a política serve para que pessoas com espírito de liderança e bom coração possam comandar órgãos e nações, representando a classe privilegiada e também os menos favorecidos que precisam de uma de uma espécie de “ordem”. Trata-se, então, de pessoas que coordenam as atividades que são realizadas para benefício desses menos favorecidos.
Eu poderia citar alguns exemplos de um cara desses, em especial, um exemplo muito pessoal. No entanto, sendo eu muito suspeita para falar e querendo evitar comentários desagradáveis e polêmicas excessivas, vou falar do ex-prefeito de Antônio Martins. O cara, depois de dois mandatos, transformou a cidade mais feia do RN na mais bonita, ativou o turismo na cidade e gerou emprego e renda, além de instalar lugares que promovem eventos e diversão em total acessibilidade (coisas não típicas do interior do estado). O que ele tem? Nem terras, nem fazendas, por isso também não cria gado, nenhuma indústria (nada de fábricas de leite nem cerâmicas, ou algo parecido), também não tem casas com piscinas nem aqui nem em outros estados. Mas nem por isso foi eleito deputado estadual. Ninguém quis, senão os poucos 18.000 e alguma coisa que votaram e formaram uma minoria perdida entre os milhaaaaaares de votos que reelegeram deputados cheios de processos nas costas!
Talvez Odorico Paraguaçu, prefeito de Sucupira em “O bem amado”, não seja um perdido na ficção, criado apenas para extrair risos, tendo em vista que as manifestações artísticas imitam a realidade, já dizia Aristóteles.
E o que falar da baixaria fielmente representada da política interiorana em “Ai, que vida”! As piores bandas de forró animam comícios em que os candidatos falam o que querem, não apresentam plataforma de governo e na hora que o animador diz: “É fulano ou não é”?   A fubazada responde: “éééééeééééé”. Cara, eu repudio a ignorância política. O filme é um retrato de muitos contextos reais. Contudo, não descarto que toda regra tem sua exceção.
Acho que mais do que em qualquer época, nos dias atuais a corrupção tá escancarada. Eles não querem mais trabalhar (talvez apenas em construção de cemitérios!). Ou será que eles não precisam mais trabalhar? Independente do projeto apresentado, amigo, o salário deles vai ser o mesmo no final do mês. Mensalão, kit gay, construção de patrimônios... E a educação continua em crise, embora a universidade esteja hoje com as portas abertas (pra não dizer escancaradas também) para todos os “estudantes”; greve por cima de greve em diversos setores, a saúde é aquele caos inimaginável. E aqui eu preciso abrir um parêntese: há alguns anos, um homem chegou à casa de um conhecido como um louco, beirando a meia noite, porque seus filhos gêmeos tinham acabado de nascer, mas precisavam de incubadoras (que não tinham no hospital maternidade em que a esposa deu à luz) e não havia ambulância para transferi-los para cidade vizinha. O detalhe é que o médico que fez o parto estava no hospital e de carro! O conhecido ligou pra o médico e ele respondeu: “Uma das crianças já morreu há meia hora”. Deixo os comentários com vocês, fico com náuseas ao me lembrar disso.
E se eu te disser que este profissional da saúde tem trilhado rumos da vida pública dentro da política local?
E eles ainda querem reajuste salarial, brother. “A câmara dos deputados aprova um projeto de lei que reajusta o salário da maioria dos políticos. Um deputado que ganha R$ 16.500 vai passar a ganhar mais de R$ 10.000 a mais. Isso mesmo, parceiro. Os caras que afirmam que o Brasil não tem dinheiro pra o aumento salarial dos professores, médicos e profissionais públicos que ganham miséria, acabam de aprovar um projeto de lei que confere a eles mesmos o reajuste salarial de mais de 60%. Esses canalhas que são o motivo da desgraça desse país. Além de roubarem o dinheiro público, querem utilizar de meios lícitos para poder meter a mão em uma boa parte da verba. Pra você ter uma noção, filho, os benefícios que um deputado já tem pode ultrapassar R$ 100.000/mês [...]. Esses medíocres não fazem praticamente nada pelo nosso país a não ser aprovar estúpidos projetos de leis em benefícios próprios e não da nação. [...] Cara, como eu me sinto humilhado com essa desgraça toda. Cada vez mais sinto que os funcionários públicos são considerados restos. [...] Você, seu deputadozinho de merda, que prefere ser chamado de vossa excelência, acha que tá ganhando pouco com R$ 16.500/mês, eu não sei se você sabe, Vossa Excelência, mas o Brasil tem 11,2 milhões de famintos e você não tá fazendo nada por eles. Bando de ladrões corruptos! Se elegeram enganando o povo e fizeram do estado uma palhaçada. Mas, infelizmente, essa é a merda de governo que nós temos. [...]. Quanto mais os políticos brincam com a nossa cara, mais a  gente aceita esse todo esse tipo de lixo do jeito que tá [...]” (Trecho do vídeo: “O Mascarado Polêmico - Reajuste salarial para políticos. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=4iRQpC_9RGc)
O que me revolta de verdade, não é somente a questão de a corrupção estar imoralmente escancarada pelo nosso país, mas o fato de ficarmos calados com tudo isso...  Perguntando-me sobre isso, a música “Minha alma” de “O Rappa” me responde com algo que me faz lhe deixar uma reflexão: “Paz sem voz não é paz, é medo.” Se é responsabilidade sua colocar esse povo no poder, por que você aceita ser feito de palhaço? Uma vez que é também por responsabilidade sua tirá-los de lá? Não falo de espernear e gritar insatisfação, eu falo de votar no melhor, ainda que ele não lhe garanta a vaga na diretoria da escola, na secretaria de educação ou da saúde na cidade, nos postos de saúde (tão precários), no comando de carros que levam estudantes pra escola em pau-de-arara da zona rural para a urbana, nos cargos de decorações da cidade em épocas de festas, na distribuição de medicamentos em farmácias populares ou na parte de marcar exames (ainda que tenhamos que chegar e pegar a fila às 4h da manhã), etc., etc., etc. Acabamos por eleger os candidatos a deputados, senadores e governadores que esses caras ditam! Quem constrói a política desse país, afinal? Manda quem pode e obedece quem tem juízo... Tá aí a real pra vocês. Eu voto no cara porque ele vai falar por mim, decidir por mim e tomar as melhores decisões (que não atinjam apenas minha singularidade). A política deve ser plural.
A política tá do jeito que tá, não porque o povo é pobrezinho e necessita de ajuda. Ela está assim, fofo, porque foi justamente o povo que escolheu isso. O povo não quer ajuda nem quer ser ajudado, o povo não pede ajuda e não merece ser ajudado. É graças ao povo que esses “políticos de merda” estão no poder e estão brincando com a minha e com a sua cara, seu palhaço. 
           

TO BE CONTINUE.
Lavínia Mabel Viana FEAT. Larissa Viana

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