sábado, 31 de março de 2012

A paz que eu não quero

OBS.: Por favor, antes de ler o texto, tenha como fundo musical a música “A paz que eu não quero/ A minha alma – O Rappa, disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=vF1Ad3hrdzY&ob=av2e)




Uma das frases que mais me define, foi sabiamente musicada pelo “O Rappa” e lendariamente feita um sucesso na cabeça de todos aqueles que também têm e usam a voz, ou pelo menos tentam usá-la. E, se verdade é que “paz sem voz não é paz, é medo”, o que é, então, o nosso medo?
Onde estão as pessoas que lutam por dias melhores? Pra você é muito fácil falar de uma saúde que não presta no país quando se tem a carteira do plano de saúde dentro do bolso... Você vai realmente ver que ela não presta, no dia que precisar dela. É fácil querer mudar a educação pública quando se estuda em escolas particulares e banca o seu saber, “[...] porque só quem está em sala de aula, só quem está pegando três ônibus por dia pra chegar ao seu local de trabalho, ônibus precário inclusive, é que pode falar com propriedade sobre isso[...]”¹. Você conhece a escassez de recursos mesmo quando se senta naquelas cadeiras velhas de madeira e sobrevive dentro de uma educação precária. Saneamento básico? Nas favelas e bairros de baixa renda, nunca saberão o que é isso... Ah, são N problemas os quais eu poderia passar linhas e linhas falando... Mas eu seria redundante demais. Os jornais já anunciam as desgraças de nossos políticos 24h/dia. O intuito desse texto não é esse.
Do que adianta eu passar mil palavras falando sobre isso se quando fecho esse arquivo, torno a fechar os olhos para o afundamento de nossas prioridades, para o descaso conosco? Nada adiante, caro, nada adianta. Nada adianta até o dia que você permanecer singular o bastante para continuar satisfeito com a vida que leva, e ignorante a vida dos mais necessitados. Se a paz que você preza é essa paz caracterizada pelo silêncio, pelo conforto, isso não é paz, isso é medo. Não há paz sem conversa, não há paz sem diálogos e acordos, sem lutas e conquistas. Acordos que beneficiem ambos os lados e cadê os nossos benefícios? Sobe-me a indignação a cabeça vendo a quantidade de dinheiro que esses legisladores ganham e a miséria que um professor ganha. Vendo como entra dinheiro público para realizar-se obrar e eles não realizam, “comem” todo o dinheiro, todo o meu dinheiro, todo o seu dinheiro. Indignação. Indignada com o silêncio, com a submissão. Por quê? O voto é meu, foi graças a mim que o poder está nas mãos de quem está, então porque o medo? Porque o silêncio se eu sou o dono da mudança? Eu sou o dono. Eu sou o dono. Exercite os seus músculos e pregas vocais. Coloque para fora as suas questões. Não falo aqui, necessariamente, de sair pelas ruas, pintados de palhaços, sem muitos argumentos, fazendo causas e movimentos que no fim, sempre sabemos que jamais dão certo e que depois serão jogadas ao esquecimento. Infelizmente, poucos têm a coragem da grande Amanda Gurgel. Ali sim é voz. Ali sim é paz... Paz de espírito, alma lavada. Sem medo. Grande professora. Não se intimidou em nenhum momento. Não preciso aqui deixar nenhum trecho do discurso dela, porque acho que todos os brasileiros já o sabem de cor e salteado e esses deputados que taaaaanto querem o “nosso bem”, deveriam o colocar em prática... Deviam tomar o exemplo também para criar um pouco de caráter para ver se fazem jus ao nome e função que levam, ao cargo que eles tem, aos votos que eles receberam e ao absurdo de dinheiro que eles recebem todo final de mês para fazer absolutamente nada, porque é uma grande minoria que faz alguma coisa. Temos que ir, ir e falar, falar a verdade e, definitivamente, armar a sua alma e apontá-la para a cara do sossego, para criar voz, gerar paz e acabar com esse medo. É por causa do nosso medo (não me isento da culpa), é por causa da nossa intimidação e de uma paz fajuta que os mais beneficiados possuem que as coisas estão como estão. Culpo os políticos, sim, mas culpo a cada brasileiro que votou, porque a culpa desse circo, é toda nossa também.
E é por isso que “às vezes falo com a vida, às vezes ela quem diz: Qual a paz que eu não quero conservar pra tentar ser feliz?” (A paz que eu não quero/ Minha alma – O Rappa)


1- Trecho do discurso da Professora Amanda Gurgel, disponível em: http://cantinhodaweb.com/variedades/discurso-professora-amanda-gurgel-por-escrito/

Um comentário:

  1. Excelente texto Mabel, gostei do feeling. Parabens!.

    Moisés Lima.

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