quinta-feira, 26 de julho de 2012

Pedro Júnior: Happy Birthday!

Pensei começar essas felicitações com alguma música, alguma frase de algum escritor famoso, um trecho que me lembrasse e projetasse a ideia que tenho de meu pai, porém, a única coisa que me veio a cabeça foi: “Marcelino Vieira, um filho teu não foge a luta!”.
Sabe, posso dizer que tenho um pouco de inveja do meu Pai... Estou tentando deixar de lado ao máximo o fato de ser filha dele e colocando um pouco o meu olhar de cidadão aqui, mas sei que não vou conseguir deixar passar os exemplos do meu convívio diário que me provam o bom caráter do meu grande exemplo.
Meu pai sempre foi um cara corajoso, honesto... Desde mandar a gente devolver os 10 centavos a mais de troco até cuidar de um povo como se fosse seu. Meu pai sempre encarou os desafios a sua frente, tudo isso, absolutamente e unicamente pelo bem não dele, mas dos outros. Hoje, eu vejo que os 53 aninhos e os “poucos” cabelos brancos em sua cabeça, são marcados por uma história que acontece desde muito tempo. Nunca disse isso a ele, mas eu olho para o rosto do meu pai e apenas no rosto dele consigo contemplar o desejo que ele canta em uma de suas músicas preferidas: “Eu vejo a vida melhor no futuro, eu vejo isso por cima de um muro de hipocrisia que insiste em nos rodear [...]” (Tempos Modernos – Lulu Santos). Foi por essa vida que ele lutou até hoje, e é por ela que ele decidiu voltar a lutar.
Também nunca devo ter dito a ele que um desejo em meu coração é de seguir seus passinhos, porque eu vejo que mãos TRANSPARENTES são uma virtude que poucas possuem... E, como ele, também quero possuir. Aliás, possuir não, porque já possuo, quero mostrar, mas sei que não preciso ingressar na política pra isso (não, necessariamente). Uma coisa que nunca disse a muitas pessoas, mas a ele sim, foi quando ele foi diretor da Escola Estadual Desembargador Licurgo Nunes e, por diversas vezes, em casa, nós comentávamos: “Pai cuida dessa escola como se fosse uma princesa, nem as filhas ele trata tão bem” (risos). E é assim que o vejo em tudo o que ele faz, em tudo que é de responsabilidade dele. Meu Pai cuida de tudo com muito empenho... Dedicação! Também não posso esquecer do seu grande apoio a mim em relação a profissão que escolhi seguir em minha vida... Muito obrigada, você foi peça essencial, seu incentivo me ajudou e muito... Como sempre, nota 11 pra o senhor.
Há 18 anos eu vejo Pedro Júnior se desgastar para conseguir o melhor para muitos... Eu não reclamo. Por muito tempo eu achei que não fosse bom para ele certas coisas, mas posso dizer da fé que compartilho, vivo e prego que, Deus em sua infinita misericórdia, não sendo nós dignos de seu amor, ouviu todas as minhas orações e como sempre peço: “Faça Tua vontade, Senhor, ou pelo menos permita aquilo que o Senhor sabe que vai nos servir de algo positivo”... Deus ouviu tudo e tudo está sendo permitido por ele.
Decidi expor esses parabéns sem nenhuma intenção de conseguir algo, até porque meu pai saberá junto aos leitores que isso foi publicado. Eu só queria compartilhar um pouco do homem ímpar que conheço... Merecedor de muito, mas que possui pouco. É meu grande exemplo... Exemplo de sabedoria, paciência, perseverança, honestidade e amor.
Tenho muito orgulho de dizer que sou filha de Pedro Júnior. Filha de alguém que não foge a luta, de alguém que me passa valores não com teorias de ensinamento, mas com atitudes cotidianas que me fazem orar e pedir a Deus que continue o abençoando.
Pai, meus parabéns... Deus te abençoe a cada dia e renove as suas forças... Guie os seus passos e ilumine o seu coração, para que o senhor continue ajudando sem olhar a quem e orgulhando quem tá a sua volta e, lembre-se SEMPRE: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do SENHOR: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei. Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa. Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel. Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia, nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia. Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios. Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação. Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra. Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente. Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome. Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei. Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.” (Salmos 91).
Te amo, pai. Feliz aniversário.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O sutil e a vida alheia




Sutilmente. “E quando eu estiver triste, simplesmente, me abrace. E quando eu estiver louco, subitamente, se afaste. E quando eu estiver bobo, sutilmente disfarce”.
 Esse é o grande problema do ser humano, já conclui: Falta de sutileza. Sei que como humanos e falhos, sempre temos aquela pulguinha atrás da orelha que nos faz ficar incomodados com a vida alheia... Mas Deus já foi tão bom para conosco nos dando a nossa própria vida para cuidarmos e nos importarmos, e pagarmos contas, e encontrarmos defeitos, e elogiarmos qualidades... Tem tanta coisa pra se fazer na minha própria vida e eu me pergunto: Porque, porventura, eu vou me importar com a vida de outro cidadão?
A palavra-chave para nossa discussão é: Curiosidade. “Agostinho escreveu que entre as tentações, uma das mais perigosas era a "doença da curiosidade"¹. “A curiosidade funciona com uma mola propulsora. Queremos saber, queremos saber de onde, como, por onde, por que meios, indagamos. [...]”².
Uma pontinha de curiosidade não deve fazer mal a ninguém, afinal, todos estamos aptos a ter essa condição, visto que ela é uma “capacidade natural e inata”³, mas o velho ditado popular condena: Tudo demais é veneno.
Não gosto de julgar as coisas, mas julgo-as pelo que já vivi e pelo que vi, ouvi... O ato de contentar-se é uma arte! Não mata, não engorda e não faz mal, literalmente, contentar-se é uma das poucas coisas na vida que são quase 100% benéficas.
Ser sutil, não é, necessariamente, apenas o que está lá no dicionário, toda a questão de ser fino, delgado, feito com arte e delicadeza etc. Ser sutil vai muito além da base da elegância e da educação que um ser humano pode ter. A sutileza e o contentamento andam de mãozinhas dadas feito um casal de namorados em pleno 12 de junho. O incômodo com a vida alheia e a curiosidade em excesso em casos que não nos convém são apenas um dos milhares de exemplos que devemos aplicar o nosso lado sutil.
Sabe, é tão simples deixar que as outras pessoas ajam e vivam como elas bem entenderem. Sempre prego muito a questão do respeito ao próximo. Nossa, é tão simples respeitar a opinião do outro, mesmo que não concordemos com ela, mesmo que venhamos questioná-la, mas, tenhamos sempre a sutileza de respeitar.
Em qualquer situação em nossas vidas, há coisas que valem muito mais do que uma lição de moral, do que mil palavras e conselhos. Brother, tem coisas que só os atos sutis expressam. Portanto, quando eu estiver triste, você simplesmente abraça. Quando a loucura dominar os pensamentos, subitamente se afaste, de repente. E quando abobalhado encontrarem-se as feições e as ideias, sutilmente disfarce. Elegância e educação é coisa que parece que tá impregnado no sangue... Algumas pessoas têm e outras, simplesmente, não tem... Ou não querem ter... Ah, impregna (mais) em mim, por favor!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Não estouro



E, na tentativa de ser justa com as pessoas, eu sempre tive um pensamento bem dominante: Respeite. Sabe, sempre com os estouros e estresses do dia a dia, é bom manter na cabeça no lugar porque ninguém é obrigado a ouvir meus esporros. Se assim não fosse, o motorista e o cobrador do ônibus já estariam dentro de uma caixinha cheia de chumbo que os imprensaria, a qual eu mexeria 24h/dia e mostraria para eles como é legal estar dentro de um ônibus com um dirigindo feito um louco, agindo como se carregasse bicho ao invés de gente, e o outro lá, todo antipático, cheio de vontade e piadinha. Eu também gritaria com o professor mal educado, que trata o aluno mal e parece que não leu os nossos direitos e os seus deveres. Eu xingaria a moça da loja que me atendeu mal, que foi antipática. Eu faria ela conviver semanas com alguém igual a ela. E, quanto ao professor... Esse eu o entregava nas mãos do Burro, amigo do Shrek e pediria para que este fizesse perguntas idiotas o dia inteirinho e fosse o mais insuportável que conseguisse. Eu também olharia para os falsos amigos e diria tudo o que eu tenho vontade, mandaria eles criarem vergonha na cara, que parassem com essas picuinhas ridículas, dignas de crianças de 5 anos. Eu mandaria os trambiqueiros para a **** *** * *****, iria falar para políticos corruptos que eles são mais que  ****************, mandava a inflação ir ***** ** ** e falaria para a Governadora que ela tá precisando aprender umas coisinhas... Só que me ensinaram que quando bate a raiva e a fúria, a gente deve conter. Se tá difícil, conta até 10... Até 11... 12... 13... 4398549598403859483... Uma hora passa, isso eu garanto. Aí você respira,  veja como a vida é bela e como pessoas assim vão prestar contas com Deus, não com você. Lembre-se que você quer respeito, também deve respeitar. Lembre-se que quer bondade para com você e seja bom para os outros. E, por fim, lembre-se daquela velha frase que Vovó sempre dizia: "O que não queres para você, não desejes ao próximo". Aí fim.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Chega de saudade.

Vai, minha tristeza e diz a ela que sem ela não pode ser. Diz-lhe numa prece que ela regresse, porque eu não posso mais sofrer. Chega de saudade, a realidade é que sem ela não há paz, não há beleza. É só tristeza e a melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai... Mas, se ela voltar, que coisa linda! Que coisa louca! Pois há menos peixinhos a nadar no mar do que os beijinhos que eu darei na sua boca. Dentro dos meus braços, os abraços hão de ser milhões de abraços apertado assim, colado assim, calado assim. Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim. Não quero mais esse negócio de você longe de mim. Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim...!

sábado, 31 de março de 2012

A paz que eu não quero

OBS.: Por favor, antes de ler o texto, tenha como fundo musical a música “A paz que eu não quero/ A minha alma – O Rappa, disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=vF1Ad3hrdzY&ob=av2e)




Uma das frases que mais me define, foi sabiamente musicada pelo “O Rappa” e lendariamente feita um sucesso na cabeça de todos aqueles que também têm e usam a voz, ou pelo menos tentam usá-la. E, se verdade é que “paz sem voz não é paz, é medo”, o que é, então, o nosso medo?
Onde estão as pessoas que lutam por dias melhores? Pra você é muito fácil falar de uma saúde que não presta no país quando se tem a carteira do plano de saúde dentro do bolso... Você vai realmente ver que ela não presta, no dia que precisar dela. É fácil querer mudar a educação pública quando se estuda em escolas particulares e banca o seu saber, “[...] porque só quem está em sala de aula, só quem está pegando três ônibus por dia pra chegar ao seu local de trabalho, ônibus precário inclusive, é que pode falar com propriedade sobre isso[...]”¹. Você conhece a escassez de recursos mesmo quando se senta naquelas cadeiras velhas de madeira e sobrevive dentro de uma educação precária. Saneamento básico? Nas favelas e bairros de baixa renda, nunca saberão o que é isso... Ah, são N problemas os quais eu poderia passar linhas e linhas falando... Mas eu seria redundante demais. Os jornais já anunciam as desgraças de nossos políticos 24h/dia. O intuito desse texto não é esse.
Do que adianta eu passar mil palavras falando sobre isso se quando fecho esse arquivo, torno a fechar os olhos para o afundamento de nossas prioridades, para o descaso conosco? Nada adiante, caro, nada adianta. Nada adianta até o dia que você permanecer singular o bastante para continuar satisfeito com a vida que leva, e ignorante a vida dos mais necessitados. Se a paz que você preza é essa paz caracterizada pelo silêncio, pelo conforto, isso não é paz, isso é medo. Não há paz sem conversa, não há paz sem diálogos e acordos, sem lutas e conquistas. Acordos que beneficiem ambos os lados e cadê os nossos benefícios? Sobe-me a indignação a cabeça vendo a quantidade de dinheiro que esses legisladores ganham e a miséria que um professor ganha. Vendo como entra dinheiro público para realizar-se obrar e eles não realizam, “comem” todo o dinheiro, todo o meu dinheiro, todo o seu dinheiro. Indignação. Indignada com o silêncio, com a submissão. Por quê? O voto é meu, foi graças a mim que o poder está nas mãos de quem está, então porque o medo? Porque o silêncio se eu sou o dono da mudança? Eu sou o dono. Eu sou o dono. Exercite os seus músculos e pregas vocais. Coloque para fora as suas questões. Não falo aqui, necessariamente, de sair pelas ruas, pintados de palhaços, sem muitos argumentos, fazendo causas e movimentos que no fim, sempre sabemos que jamais dão certo e que depois serão jogadas ao esquecimento. Infelizmente, poucos têm a coragem da grande Amanda Gurgel. Ali sim é voz. Ali sim é paz... Paz de espírito, alma lavada. Sem medo. Grande professora. Não se intimidou em nenhum momento. Não preciso aqui deixar nenhum trecho do discurso dela, porque acho que todos os brasileiros já o sabem de cor e salteado e esses deputados que taaaaanto querem o “nosso bem”, deveriam o colocar em prática... Deviam tomar o exemplo também para criar um pouco de caráter para ver se fazem jus ao nome e função que levam, ao cargo que eles tem, aos votos que eles receberam e ao absurdo de dinheiro que eles recebem todo final de mês para fazer absolutamente nada, porque é uma grande minoria que faz alguma coisa. Temos que ir, ir e falar, falar a verdade e, definitivamente, armar a sua alma e apontá-la para a cara do sossego, para criar voz, gerar paz e acabar com esse medo. É por causa do nosso medo (não me isento da culpa), é por causa da nossa intimidação e de uma paz fajuta que os mais beneficiados possuem que as coisas estão como estão. Culpo os políticos, sim, mas culpo a cada brasileiro que votou, porque a culpa desse circo, é toda nossa também.
E é por isso que “às vezes falo com a vida, às vezes ela quem diz: Qual a paz que eu não quero conservar pra tentar ser feliz?” (A paz que eu não quero/ Minha alma – O Rappa)


1- Trecho do discurso da Professora Amanda Gurgel, disponível em: http://cantinhodaweb.com/variedades/discurso-professora-amanda-gurgel-por-escrito/

sábado, 24 de setembro de 2011

No Picadeiro




Política, em minha opinião, é algo, sim, muito fascinante. Aos meus olhos, a política serve para que pessoas com espírito de liderança e bom coração possam comandar órgãos e nações, representando a classe privilegiada e também os menos favorecidos que precisam de uma de uma espécie de “ordem”. Trata-se, então, de pessoas que coordenam as atividades que são realizadas para benefício desses menos favorecidos.
Eu poderia citar alguns exemplos de um cara desses, em especial, um exemplo muito pessoal. No entanto, sendo eu muito suspeita para falar e querendo evitar comentários desagradáveis e polêmicas excessivas, vou falar do ex-prefeito de Antônio Martins. O cara, depois de dois mandatos, transformou a cidade mais feia do RN na mais bonita, ativou o turismo na cidade e gerou emprego e renda, além de instalar lugares que promovem eventos e diversão em total acessibilidade (coisas não típicas do interior do estado). O que ele tem? Nem terras, nem fazendas, por isso também não cria gado, nenhuma indústria (nada de fábricas de leite nem cerâmicas, ou algo parecido), também não tem casas com piscinas nem aqui nem em outros estados. Mas nem por isso foi eleito deputado estadual. Ninguém quis, senão os poucos 18.000 e alguma coisa que votaram e formaram uma minoria perdida entre os milhaaaaaares de votos que reelegeram deputados cheios de processos nas costas!
Talvez Odorico Paraguaçu, prefeito de Sucupira em “O bem amado”, não seja um perdido na ficção, criado apenas para extrair risos, tendo em vista que as manifestações artísticas imitam a realidade, já dizia Aristóteles.
E o que falar da baixaria fielmente representada da política interiorana em “Ai, que vida”! As piores bandas de forró animam comícios em que os candidatos falam o que querem, não apresentam plataforma de governo e na hora que o animador diz: “É fulano ou não é”?   A fubazada responde: “éééééeééééé”. Cara, eu repudio a ignorância política. O filme é um retrato de muitos contextos reais. Contudo, não descarto que toda regra tem sua exceção.
Acho que mais do que em qualquer época, nos dias atuais a corrupção tá escancarada. Eles não querem mais trabalhar (talvez apenas em construção de cemitérios!). Ou será que eles não precisam mais trabalhar? Independente do projeto apresentado, amigo, o salário deles vai ser o mesmo no final do mês. Mensalão, kit gay, construção de patrimônios... E a educação continua em crise, embora a universidade esteja hoje com as portas abertas (pra não dizer escancaradas também) para todos os “estudantes”; greve por cima de greve em diversos setores, a saúde é aquele caos inimaginável. E aqui eu preciso abrir um parêntese: há alguns anos, um homem chegou à casa de um conhecido como um louco, beirando a meia noite, porque seus filhos gêmeos tinham acabado de nascer, mas precisavam de incubadoras (que não tinham no hospital maternidade em que a esposa deu à luz) e não havia ambulância para transferi-los para cidade vizinha. O detalhe é que o médico que fez o parto estava no hospital e de carro! O conhecido ligou pra o médico e ele respondeu: “Uma das crianças já morreu há meia hora”. Deixo os comentários com vocês, fico com náuseas ao me lembrar disso.
E se eu te disser que este profissional da saúde tem trilhado rumos da vida pública dentro da política local?
E eles ainda querem reajuste salarial, brother. “A câmara dos deputados aprova um projeto de lei que reajusta o salário da maioria dos políticos. Um deputado que ganha R$ 16.500 vai passar a ganhar mais de R$ 10.000 a mais. Isso mesmo, parceiro. Os caras que afirmam que o Brasil não tem dinheiro pra o aumento salarial dos professores, médicos e profissionais públicos que ganham miséria, acabam de aprovar um projeto de lei que confere a eles mesmos o reajuste salarial de mais de 60%. Esses canalhas que são o motivo da desgraça desse país. Além de roubarem o dinheiro público, querem utilizar de meios lícitos para poder meter a mão em uma boa parte da verba. Pra você ter uma noção, filho, os benefícios que um deputado já tem pode ultrapassar R$ 100.000/mês [...]. Esses medíocres não fazem praticamente nada pelo nosso país a não ser aprovar estúpidos projetos de leis em benefícios próprios e não da nação. [...] Cara, como eu me sinto humilhado com essa desgraça toda. Cada vez mais sinto que os funcionários públicos são considerados restos. [...] Você, seu deputadozinho de merda, que prefere ser chamado de vossa excelência, acha que tá ganhando pouco com R$ 16.500/mês, eu não sei se você sabe, Vossa Excelência, mas o Brasil tem 11,2 milhões de famintos e você não tá fazendo nada por eles. Bando de ladrões corruptos! Se elegeram enganando o povo e fizeram do estado uma palhaçada. Mas, infelizmente, essa é a merda de governo que nós temos. [...]. Quanto mais os políticos brincam com a nossa cara, mais a  gente aceita esse todo esse tipo de lixo do jeito que tá [...]” (Trecho do vídeo: “O Mascarado Polêmico - Reajuste salarial para políticos. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=4iRQpC_9RGc)
O que me revolta de verdade, não é somente a questão de a corrupção estar imoralmente escancarada pelo nosso país, mas o fato de ficarmos calados com tudo isso...  Perguntando-me sobre isso, a música “Minha alma” de “O Rappa” me responde com algo que me faz lhe deixar uma reflexão: “Paz sem voz não é paz, é medo.” Se é responsabilidade sua colocar esse povo no poder, por que você aceita ser feito de palhaço? Uma vez que é também por responsabilidade sua tirá-los de lá? Não falo de espernear e gritar insatisfação, eu falo de votar no melhor, ainda que ele não lhe garanta a vaga na diretoria da escola, na secretaria de educação ou da saúde na cidade, nos postos de saúde (tão precários), no comando de carros que levam estudantes pra escola em pau-de-arara da zona rural para a urbana, nos cargos de decorações da cidade em épocas de festas, na distribuição de medicamentos em farmácias populares ou na parte de marcar exames (ainda que tenhamos que chegar e pegar a fila às 4h da manhã), etc., etc., etc. Acabamos por eleger os candidatos a deputados, senadores e governadores que esses caras ditam! Quem constrói a política desse país, afinal? Manda quem pode e obedece quem tem juízo... Tá aí a real pra vocês. Eu voto no cara porque ele vai falar por mim, decidir por mim e tomar as melhores decisões (que não atinjam apenas minha singularidade). A política deve ser plural.
A política tá do jeito que tá, não porque o povo é pobrezinho e necessita de ajuda. Ela está assim, fofo, porque foi justamente o povo que escolheu isso. O povo não quer ajuda nem quer ser ajudado, o povo não pede ajuda e não merece ser ajudado. É graças ao povo que esses “políticos de merda” estão no poder e estão brincando com a minha e com a sua cara, seu palhaço. 
           

TO BE CONTINUE.
Lavínia Mabel Viana FEAT. Larissa Viana

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O Surfista



22 anos. Ele tem 22 anos.
- E o que ele faz da vida? -
- Nada, Tio, não faz nada... Quer dizer, faz! Ele é surfista e... E só. Ele é surfista.
- Sei... E ele é formado? -
- É sim.-
- Sério? Em quê? -
- Em dilacerar -
- Em quê? -
- Dilacerar. -
- Dilacerar o quê, Sara? -
- Ondas - Respondi friamente como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. E era. Eu apenas quis dizer que ele dava aulas de surf, mas quis ser abstrata porque questionamentos me cansam (muito!).
Não entendi porque o Tio César queria tanto saber quem estava virando a minha cabeça. Aqui em casa ninguém nunca se importou comigo, uma vez que os meus pais faleceram e eu vim morar com a Vó Lourdes e o meu Tio César (solteiro, cachaceiro, gordo e carente). Sempre fui independente e solteira, meio sozinha até. Daí, quando decido arrumar alguém, tratam-me como se eu fosse uma criança de 15 anos. Qual é, eu já tenho 18.
Ele se chama Bernardo... É ele que está "virando" a minha cabeça, segundo o meu Tio. Ele tem uma pele bronzeada, uma tatuagem nas costas e adora reggae. Ele é meio calado, fala o necessário. Confio nele. Sei que ele me ama e vamos ser felizes. Ele é carinhoso. Só fica com um pouco distraído, digamos, quando fuma, mas sem problemas.  Se eu o amo? É lógico que sim! Tá, eu sei que ele vez ou outra experimenta a erva, mas, sei lá... Não dizem que o amor tudo supera? Então!?  Eu o conheci numa festinha que teve na casa de uns amigos meus e aí foi amor à primeira vista. Depois daquela noite não nos desgrudamos mais. E assim começamos a namorar. E assim eu conheci o amor da minha vida.
A gente ta namorando há três meses e vamos morar juntos mês que vem... Não quis trazê-lo pra cá porque Vovó iria implicar porque o "bêzinho" adora andar sem camisa e o Tio iria detestá-lo porque meu amor ouve músicas que vão de encontro com as músicas que Tio César ouve... Tá, meu tio ouve Roberta Miranda e Amado Batista. A gente vai morar junto, mas vamos pra casa dele. Ele mora sozinho com a mãe e... Sei lá, é isso.
Eu não curto muito reggae, nem gosto de praia, nem da erva. Na verdade, eu sou meio "pagodeira" às vezes... Faço faculdade de Enfermagem e sou meio espontânea. Ele não gosta do meu gosto musical nem de várias coisas que eu faço, mas eu abro mão numa boa porque namoro também é renúncia e você precisa abrir mão de certas coisas pra ser feliz ao lado de quem você ama. O amor da minha vida me faz ver que os opostos realmente se atraem e pronto! É isso que importa: O amor.
(2 meses depois)
Enfim juntos. Eu e o Bernardo estamos morando juntos e sim, estou feliz. Sei que as vezes brigamos mas isso faz parte da vida de todo casal. Eu tenho pouco tempo, a faculdade tá meio apertada... Acho que vou trancar algumas disciplinas e assim posso dar mais atenção ao meu surfista lindo. Onde ele está? Trabalhando. Que agora ele é um homem casado e responsável. De família. A minha avó e meu tio estão bem, eu acho. Quando saí de casa eles não me deram nem um "tchau" singelo. Não me importo. Fiz o certo e o melhor pra mim.
(1 mês depois)
- Sara, há três dias a roupa do Bernardo está no varal, há cuecas dele por toda a casa e o quarto de vocês cheira mal. - Disse-me a mãe do Bê.
- Sabe o que é, Dona Laura? É que eu tô precisando terminar uns trabalhos da faculdade e eu tô meio sem tempo. A Senhora poderia, por favor, apanhar as roupas, juntar as cuecas que depois eu lavo e o quarto, é só fechar a porta, a noite eu limpo. Pode ser? - Pedi educadamente.
- Eu? - Riu sarcasticamente e me fitou os olhos com um ar de deboche: - Eu tô velha e cansada. Quem não quer responsabilidade que não case. Se vire. Você escolheu essa vida, Sara.
Depois de me dizer isso, ela saiu. Eu não podia ir reclamar com ele, afinal, era a sua mãe... Mas tudo bem. Esforcei-me e no fim, dei conta de tudo. Cansado foi, mas no fim deu tudo certo. 
(2 semanas depois)
Bernardo anda pouco em casa... Sai cedo e chega tarde, às vezes dorme fora e me diz que precisa dormir naquele quartinho que eles guardam as pranchas depois da aula. Sabe como é, né? Ele tá crescendo nas aulas, precisa ficar lá. Eu entendo.
(1 semana depois)
Acabei de chegar da faculdade. São exatamente 22:00 h. Meu amor deve estar em casa. Olhe só o que eu vejo: Há cuecas e roupas por toda a casa... Sinto o cheiro horrível da maconha. Ele deve estar...
(Após abrir a porta do quarto)
- Mas o que significa isso? - Exclamei surpresa e desesperada. - O que está acontecendo? Quem pode me explicar isso? - Mas, infelizmente, ninguém me respondeu nada. Eu só vi risos e corpos, eles não estavam, aparentemente, em si. Sai chorando pelas ruas da cidade, não sabia o que fazer. Por duas noites dormir na rua porque não tive cara de voltar pra casa... Mas hoje não dá mais! Entrei em casa aquele dia achando que iríamos conversar e saber como andava a vida um do outro. Engano. Ele estava com outra vida agora e essa outra vida se chamava Clara Surfistinha. Não, ela não é prostituta. Só surfista mesmo. Fumava maconha e adorava reggae. Tinha a cor bronzeada e os cabelos longos e ondulados, queimados do sol. "Oh, yeah!" ela não era seu oposto... Era o seu igual. Ele não me deu satisfação nenhuma. Nem ela. Estavam tão "noiados" que só faziam rir e nem repararam que eu estava ali (e desesperada).
 Cheguei agora na casa da minha avó... E Dona Laura mandou as minhas coisas pra cá. Vovó não fala comigo e o meu tio me trata mal. Mas eu vou ficar bem... Ou não. Mas vou. Falta dele, eu sinto, mas a última vez que eu o procurei, que foi ontem, a surfistinha estava com ele. Bernardo apenas indagou: "Licença, Sara, tô trabalhando... Os alunos tão tudo chegando já, pô. Nosso lance já passou, mina, aventura aê, de boa? Se liga nessa parada: Procura outro rumo pra sua vida que eu tô cuidando da minha. Falou? Vou trampar aqui, boa sorte aê, é ‘nóis’”! Depois disso, ele saiu e ela nem notou que eu estava ali... É... Nem notou. Às vezes penso que sempre fui invisível. Até pra ele. Mas não, ele me amava! É só questão de tempo ele voltar pra mim.
(4 meses depois)

É só questão de um pouco mais de tempo e ele, certamente, voltará pra mim.
(1 mês, 2 meses, 3, 4, 5.... E assim, sucessivamente...)



Lavínia Mabel Viana